Meus Parabéns!

Quase um ano sem escrever aqui e, vejam só, volto a escrever bem no dia do meu aniversário, e talvez nem continue a fazê-lo...

Esse post será muito estranho por alguns motivos:

1 – Faz muito tempo que não escrevo nada aqui.

2 – Provavelmente, ninguém mais lê isso aqui.

3 – Tenho muita coisa pra “botar no papel”, após tanto tempo ausente, mas não sei por onde começar.

4 – Estou mais fodido que ânus de meretriz de baixo escalão.

Olha, na verdade esse post será, aliás, já está uma coisa que não gosto de fazer. Um post “pessoal”. Sempre achei muito babaca aqueles blogs que a gente vê por aí do tipo “Ai, ontem fui numa baladinha super da hora com os meus miguxos e bebi todas, causamos a noite toda”. Acho besta porque as coisas da nossa vida resolvemos nós mesmos, e quando precisamos de ajuda buscamos os amigos ao invéz de expor nossos problemas publicamente. Porém, dessa vez farei um desabafo!

TÁ FODA, PORRA!

Eis aqui algumas coisinhas que me perturbam.

1 – O Mercado Publicitário de Joinville. (Mercado Publicitário? Isso é no máximo uma feirinha de propaganda.).

Olha, eu vou explicar resumidamente o que acontece. Hoje completo 21 anos e ainda não consegui me fixar num emprego. Isso porque estudo Publicidade e Propaganda em Joinville/SC, um lugar onde a publicidade é uma piada. As grandes contas (dos grandes clientes, ou seja, as grandes empresas que existem por aqui) acabam optando por agências de fora, que são mais qualificadas. E sabem por que essas agências são mais qualificadas? Por que existem profissionais aptos à isso. E porque aqui não existe? Até existem alguns sim, que aprenderam na prática, afinal os cursos de publicidade das redondezas existem há somente uns 10 anos. Mas a nova safra, vinda do conhecimento teórico do curso, fica sem trabalhar nas agências e danem-se. Afinal, as contas que muitas dessas agências têm são de empresas que não possuem um departamento de marketing qualificado o bastante para selecionar e avaliar uma boa comunicação, logo, para que investir num profissional bem qualificado se o que seus clientes vão analisar acaba sendo quase que exclusivamente, o preço? Cortam gastos, seu produto final sai mais barato... Assim todo mundo se dá bem, e a nossa publicidade continua sendo uma piada. Maravilha, né? Eita, província de merda.

O único jeito de entrar numa dessas agências é sendo tio do vizinho do primo do irmão do dono. Ou sendo filho do dono de uma gráfica ou outro fornecedor que trabalhe com a agência em questão e seu pai descole uns descontinhos bacanas no orçamento. Assim você consegue entrar e até crescer lá dentro, mesmo não tendo muito talento. Eu mesmo tenho uma prima que é uma das sócias da segunda maior agência da minha cidade, mas não quero entrar lá com “carteirada”. Ah, quase que me esqueço... Também existe outra maneira de entrar, o trabalho escravo. Se você trabalhar de graça algumas agências também irão te aceitar. Eu mesmo já me submeti a isso e digo, até certo ponto vale a pena, você realmente ganha experiência e uma outra visão sobre a profissão, mas a partir de determinado momento eles passam a lucrar em cima de você sem você ganhar nada com isso. Eu não entendo muito bem porque as coisas não acontecem para mim e não consigo ascender profissionalmente. Poxa, meus amigos dizem que tenho muito talento e criatividade, bem como dizem meus professores, até alguns prêmios universitários conquistei (grande coisa...). Vocês podem estar pensando “Ah, esse cara é um fanfarrão, não é esforçado o bastante por isso que nunca vai ser ninguém na vida.”. Bééééé! Aí que se enganam, sou muito esforçado quando faço alguma coisa que gosto, e eu adoro criar! Criação publicitária realmente me faz sentir prazer. Em uma agência que fiz um estágio gratuito (gratuito para meu contratante) cheguei a ficar das 8 da matina até umas 3 da madrugada só dentro da agência tocando o pau numa campanha que tinha que sair com urgência... e isso não foi só uma vez. Vai ver, o pessoal que me elogia só está inventando isso para eu me sentir melhor quando na verdade eu sou um fracassado sem talento? Ou será que o Sith conspira contra mim, e nunca conseguirei progredir nesta cidade? Ou apenas ainda não chegou a minha hora? Se for esta terceira opção, por favor, alguém diga para os meus pais pararem de me crucificar, se pelo menos parassem de me acordar aos gritos todo dia, já seria uma grande coisa.

2 – Para que Questionar? Você Já Está Vivo, Não Basta?

Eu tenho gosto pela indagação, por pensar sobre as coisas, desconstruir e questiona-las. Entretanto, não faço isso a muito tempo. Há uns 2 anos atrás você sempre me encontraria lendo algum livro de filosofia ou me pegaria sentado num banquinho “pensando na vida”. Mas com a vida que levava fui obrigado a deixar estes passa-tempos (que são uma necessidade) de lado por não ter mais tempo, e agora que tenho novamente perdi o pique que tinha para estudar (hmm, agora fica mais fácil entender porque a população brasileira é tão desinteressada pelo intelecto, simplesmente por ter que trabalhar muito e não ter tempo para isso).

Com um grupo de amigos que andava antigamente, era comum termos discussões divertidas, bem-humoradas e muito interessantes, abordando de forma desconstrutiva os mais variados assuntos, pensando no “besta”, no “impossível”, assim sempre saindo da realidade que vivemos e viajando no pensamento. Parece coisinha de chapado mas é como viajar num papo desses malucos que se tem quando ta bêbado, só que realmente levando a sério.

Com os grupos de amigos que ando agora, isso é feio, é contra as regras, não se deve questionar coisas que são de fora da sua realidade, muito menos se você não for ganhar alguma coisa com isso. O que eu acho uma babaquice, já que é justamente perceber seu lugar no mundo e indaga-lo, o que nos difere dos animais. Raciocinar, de certa forma, eles até podem sim, afinal aqueles macacos que aprendem a linguagem dos sinais até conseguiram criar neologismos (uma macaca que queria mais melancia, não sabia como se chamava, e ao ganhar um melão – melon - pediu um melão com mais água - water-melon -, que é justamente melancia em inglês).

Outra forma de se expressar que sempre tive, mas estou parado há muito tempo, é a arte. Toco, ou pelo menos costumava tocar, guitarra, violão, baixo, violino, flauta, harpa e até arriscava criar algumas batidas no computador. Sempre adorei compor melodias. Colocar em notas, sentimentos, e poder passar à outras pessoas as sensações que você já teve. Ahhhh, isso é uma delícia! Só quem já fez entende do que tô falando. Também escrevia algumas letras para essas canções, mas a maioria das minhas melodias ficavam só no instrumental mesmo. Quando eu era pequeno desenhava, fiz aulas de história em quadrinhos então tudo era motivo para traçar algumas tiras. Enfim, hoje em dia sinto falta de arte. Falta de criar arte e falta de absorver arte. Certa vez me disseram que a arte se faz na criação do desnecessário, apenas por desejo do artista em expressar sua óptica sobre determinado assunto, mas sem real necessidade daquilo. Hoje, cheguei a conclusão de que isso aí ta errado. A arte é uma necessidade, mesmo que quase não perceptível. Ela pode estar bem pro final da lista, atrás de necessidades como “comida, segurança, sono, sexo”, mas ainda assim é uma necessidade, a necessidade daquele “algo mais” quando você já tem tudo.

3 – Cansei de Ser Trouxa!

Eu sempre fui muito humilde com meus amigos e conhecidos, no sentido de que poderiam falar qualquer coisa para mim ou de mim que eu sempre aceitaria sem revidar. Entretanto, de uns tempos para cá, talvez por estar afundado na merda (eu que não vou dizer tudo aqui, mas a coisa ta realmente feia pro meu lado), acabei me tornando uma pessoa mais dura. Quem tem atitudes medíocres comigo perde instantaneamente a minha consideração e em alguns casos até acaba se machucando (ambigüidade). Porém, esse meu “mecanismo de defesa” acabou machucando quem não devia. Em uma ou duas semanas, deixei de falar com oito pessoas que pisaram feio na bola comigo. Na verdade, sete pessoas, uma foi por uma presunção minha totalmente injusta, e agora não consigo voltar atrás mesmo tentando.

Recapitulando ao item anterior, é interessante como refletir sobre as coisas muda de fato nossas vidas. Foi refletindo que acabei por mudar meu comportamento, e este simples gesto modificou muito meu dia-a-dia.

4 – Vinte *E* Um Anos!

Adquiro Direitos, oficialmente saio do mundo dos jovens e adolescentes e entro para o mundo dos adultos. Já posso até comprar uma arma! O que talvez me seja muito útil com a vontade que estou de meter uma bala na minha cabeça. Brincadeiras a parte, não é legal esse maldito *E* no meio da idade. Eu entro para o clube dos “Es”. Não tenho mais quinze, dezessete, dezenove ou vinte. Agora eu tenho vinte E um, assim como quem tem vinte E três, trinta E dois, quarenta E cinco. Eu lembro que há sete anos atrás minha irmã me disse que quando chegasse aos vinte E um, o tempo voaria, e não é que a desgraçada vidente estava certa? Notei que o tempo vem, progressivamente, passando cada vez mais rápido! (Óbvio que isso é apenas uma figura de linguagem). Mas a percepção que temos sobre o tempo realmente muda. E pensando aqui cheguei a uma hipótese. Talvez um dos fatores que altere essa percepção de tempo seja o fato de que quanto mais envelhecemos, menos fazemos coisas novas, coisas pela primeira vez na vida, eram essas coisas novas que tornavam nossos dias mais intensos, que faziam nossas semanas durarem anos, e que nos davam a certeza de estar vivo. Ah, que saudades de fazer o que ainda não fiz!

Pois é, no final da história esse post acabou falando muito mais sobre outras coisas do que sobre mim. O que deve ser bom sinal. Hehe. Agora, vou dormir pela última vez com o gostinho de ter 20 anos (mesmo já tendo 21) e amanhã acordar para o mundo dos vinte *E* um. Aliás, se eu tivesse grana nesse momento não ia ta aqui escrevendo essa porra, estaria em alguma festa me divertindo, bebendo muito e tocando o puteiro até amanhecer.

06 de Março ... eita, diazinho.